Costuras do Imaginário

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A Costuras do Imaginário é uma marca que atua dentro do empreendedorismo social, com foco no design inclusivo.

Dentro da marca, são fabricados produtos com estampas em braille, utilizadas ferramentas que auxiliam a leitura para pessoas com deficiência visual, como o QRCode, e uma das missões é atuar na expansão da acessibilidade e inclusão. É permitir que cada pessoa que tenha contato com a marca, seja por um cartão de visita, pelas mídias sociais ou pelos produtos, reflita sobre o tema da inclusão e que essa reflexão possa ser transformada em ação: o que eu também posso fazer no meu dia a dia, no meu trabalho, para apoiar a causa?

Inclusão é um direito de todas e todos e uma responsabilidade coletiva, de todes nós.

 

 

 

Historia

História

Tudo começou com uma pergunta.

Eu estava desenvolvendo um livro, para um projeto de pós-graduação e, nesse livro, tinha um personagem que era fotógrafo. Era um livro de contos e fotografia e eu estava muito imersa em um processo criativo totalmente imagético, baseada no olhar. E, certo dia, sem nenhuma pretensão, como um presente do universo, me veio a pergunta: e se esse fotógrafo não enxergasse?

E foi a partir daí que eu comecei a estudar o braille. Isso foi há quase 14 anos e, desde então, eu não parei de trabalhar com inclusão e de me envolver nessa causa.

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Quando me veio essa pergunta em mente, eu sai do lugar que eu estava, e fui direto pesquisar quais instituições na cidade apoiavam a causa da deficiência visual. No dia seguinte, eu estava batendo na porta do Instituto São Rafael, em Belo Horizonte, sem saber como aquele encontro mudaria a minha vida. Eu estava apenas seguindo a minha intuição. Conheci Juarês, professor do Instituto na época, cego desde os 10 anos. Totalmente leiga no assunto e motivada por uma curiosidade e empatia em entender o universo do outro (que também é o meu), pedi se ele podia me contar um pouco sobre sua rotina, suas motivações, seus hábitos. E ele, na maior generosidade do mundo, sentou e conversou por horas comigo.

 

 

 

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Nessa conversa, eu descobri o braille. Uma paixão do Juarês e que se tornou uma paixão automática pra mim também. Pedi: você pode me ensinar? Só que eu quero aprender hoje, porque tenho um livro pra entregar semana que vem e eu preciso mudar todo o projeto, incluir o braille e outros elementos sensoriais e tornar o livro acessível. Juarês me disse (quase rindo): Cintia, existe um curso pra isso, leva um tempo, não dá pra você aprender assim num dia e ainda escrever um livro. Eu peguei na mão dele e disse: você topa arriscar comigo? E ele topou. Isso era uma sexta-feira. Aprendi o braille naquela tarde e treinei durante todo o final de semana. Escrevi um dos contos em braille e levei pra ele ler na segunda. Quando ele leu toda minha poesia em braille e se emocionou, eu sabia que não sairia mais desse caminho.

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Um tempo depois disso, eu estava na casa de uns amigos, que são deficientes visuais, e eles estavam me contando como fazem para decorar o guarda roupa. Eles precisavam saber que ‘tal’ blusa, com ‘tal’ gola é azul. A outra, com ‘tal’ manga é verde. E eu, ouvindo aquelas palavras, aquele exercício de memória diária, pensei: eu tenho capacidade para apoiar isso. Eu tenho ferramentas para encontrarmos uma solução. Meus pais têm uma confecção desde que eu nasci. Eu cresci em meio a tecidos, tintas e linhas. Então, foi uma questão de juntar essa bagagem que eu tinha com esse novo desafio. E a partir desse momento, eu comecei a estudar o braille aplicado em serigrafia. E depois de vários testes e experimentações, foi incrível quando levei a primeira peça de roupa para o próprio Juarês, e ele conseguiu ler o tamanho da roupa, a mensagem que estava escrita, a cor que ele estava usando. E um detalhe: eu coloquei uma mensagem em braille nas costas, que era pra ser sentida justamente na melhor parte do do dia, que é no abraço. E esse momento foi uma das coisas mais maravilhosas que já me aconteceu. Na hora, pensei: é isso que eu quero fazer da vida. É isso que quero levar pro mundo.

 

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Com isso eu criei uma solução, a Costuras do Imaginário, que atua dentro do empreendedorismo social, com foco no design inclusivo. Nós fabricamos produtos com estampas em braille, usamos ferramentas que auxiliam a leitura para pessoas com deficiência visual, como o QRCode, e uma das nossas missões é levar acessibilidade e inclusão pra pauta. É permitir que cada pessoa que tenha contato com a marca, seja por um cartão de visita, pelas mídias sociais, pelos produtos, aqui, por esse site, reflita sobre o tema da inclusão e que essa reflexão possa ser transformada em ação: o que eu também posso fazer no meu dia a dia, no meu trabalho, para apoiar a causa?

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que nunca falte coragem.

que a minha existência não te fira e a tua não me machuque.
que possamos nos permitir,
transbordar todo sentimento existente no peito.
que liberdade seja algo possível para todes.
que a gente possa conviver sem julgar,
que a gente possa ser exatamente quem a gente é.
sem precisar de máscara, de medo.
que a gente sinta.
que a gente seja.
que a gente não perca nunca o tesão pela vida.
que nunca falte coragem.

A Costuras é poesia. eu sou poesia. e é na poesia do cotidiano que eu encontro todo sentido pro meu viver e para o meu fazer.

Cintia Caroline
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